Constructiones Valetudinarii
Cheiro quase um trevo do azul
Embutido em janela de dois vidros
Um fóssil dobrado na esquina
Ali perto do origami no soalho
Escuto quase o tilintar dos vitrais
Os leques a estalar no vento do quarto
A macia voz com que me segredas
Tanto sem palavras
Não sei bem como reluzirás
Mas vou-te anoitecer no verniz
Escurecer-me sob a mesa
E debulhar o tampo em lâminas
Talvez desenhar-me no espelho
Ou no chão aquele vento
Não sei se te tocarei no dorso
Na matéria, teu vocábulo, esperar
Rolar o lápis nos dedos
Timbrar o teu espectro
Não sei se te espreitarei no chão
Se te pulsarei na terra ocre
Se dançarão as pétalas nos ladrilhos
Apenas pareço
Detecto que o pó cai no sítio certo
Se instala comodamente nas texturas
E decide atapetar tudo