Sou pintor. Quando estou em plena sintonia com a pintura as coisas do acaso surgem com tal fluidez e naturalidade que as decisões deixam de ser um problema. O acaso é a decisão. Contudo estar em sintonia é o estado mais difícil, já que não se decide estar, mas está-se. Isso requer uma crença e uma persistência que advêm de um trabalho contínuo, de maturação e aprendizagem constantes, de preparação mental, de conexão com a dimensão mais opaca de mim. Pintar não é só acto, é também inacção para dar espaço ao pensamento, à reflexão, à memória.